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2008-07-30

Um soneto não custa a arquitectar - Fernandes Costa

Um soneto não custa a arquitectar:
pensá-lo é dar-lhe o próprio fundamento
depois... é só meter no seu lugar
cada verso do exíguo monumento;

manter-lhe a proporção, não digressar;
dispor a rima própria, sem tormento,
de modo que pareça deslizar,
num leito natural, o pensamento;

dar ao verso calor e variedade;
ir lentamente, preparando o efeito
de surpresa, de certa novidade,

que o leitor não dispensa no conceito...
e nada mais... Não tem dificuldade
produzir um soneto sem defeito!


José Fernandes Costa nasceu em Lisboa a 5 de Julho de 1848 e aí faleceu a 30 de Julho de 1920, no posto de general reformado. Oficial de Artilharia, assentou praça em 1866, cursou a Escola Politécnica e a Escola do Exército e frequentou o Curso Superior de Letras. Era cavaleiro da Ordem de Santiago e comendador da Ordem de Avis. Operosíssimo escritor, foi poeta, historiador, tradutor e jornalista. O seu volume «O Eterno Feminino» é uma colecção de 286 sonetos.

Soneto e Nota biobliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.


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