Soneto - Bernardo de Passos
Tão triste eu ando já, e descontente,
Que meus olhos de todo se fecharam
A visão radiosa que sonharam...
- Um lar, um ninho, e um amor ardente...
Gastei a Mocidade loucamente,
E a alma, ou a perdi, ou m'alevaram,
Enquanto a delirar juntos andaram
Cantando amores, coração e mente...
E andando assim da Fé tão apartado,
E tão sozinho nesta solidão
De quem descrente vive do que amou.
Sou qual um tú'mlo vazio e abandonado,
só encerrando a mesma escuridão...
Sepulcro de mim próprio, eis o que sou.
Bernardo Rodrigues de Passos (n. em 29 Out. 1876 em S. Brás de Alportel; m. em Faro a 1 Jun 1930)
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