Soneto - Júlio Dantas
Duas almas que tarde se encontraram,
Como as nossas, meu bem, e tantas mais,
Porque modo se tornaram tão iguais
Se em tão diversos meios se criaram?
Umas em berço de outro as embalaram,
Às outras a erva fez berços rurais:
E sendo de princípio desiguais,
Depois tão semelhantes se tornaram.
Há bem pouco prendemos nossas vidas,
Já cuidas de meu bem como teu bem,
Já meu mal de agora vais sofrendo:
E as nossas almas tão parecidas,
Como essas duas lágrimas que vêm
Por tuas faces de âmbar escorrendo.
Júlio Dantas (n. em Lagos a 19 de Maio de 1876 ; m. em 25 Maio de 1962)
Ler do mesmo autor : A luva
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