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2007-03-18

À luz de lua - António Nobre

Iamos sós pela floresta amiga,
Onde em perfumes o luar se evola,
Olhando os céus, modesta rapariga!
Como as crianças ao sair da escola.

Em teus olhos dormentes de fadiga,
Meio cerrados como o olhar da rola,
Eu ia lendo essa balada antiga
D'uns noivos mortos ao cingir da estola...

A Lua-a-Branca, que é tua avozinha,
Cobria com os seus os teus cabelos
E dava-te um aspecto de velhinha!

Que linda eras, o luar que o diga!
E eu compondo estes versos, tu a lê-los,
E ambos cismando na floresta amiga...

Porto, 1884.

António Nobre (n. Porto a 16 Ago 1867; m. na Foz do Douro a 18 Mar 1900)

Ler do mesmo autor, neste blog:
Virgens que passais
Carta ao Oceano
Ao cair das folhas
A Leão XIII
Ladainha


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