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2006-12-21

Nascemos para amar - Bocage

Nascemos para amar; a humanidade
Vai tarde ou cedo aos laços da ternura:
Tu és doce atractivo, ó formusura,
Que encanta, que seduz, que persuade.

Enleia-se por gosto a liberdade;
E depois que a paixão n'alma se apura
Alguns então lhe chamam desventura,
Chamam-lhe alguns então felicidade.

Qual se abismou na lôbregas tristezas,
Qual em suaves júbilos discorre,
Com esperanças mil na ideia acesas.

Amor ou desfalece, ou pára, ou corre;
E, segundo as diversas naturezas,
Um porfia, este esquece, aquele morre.

Manuel Maria Barbosa du Bocage (n. em Setúbal a 15 Set 1765; m. em Lisboa a 21 Dec. 1805)

Ler do mesmo autor, neste blog:

Ó tranças de que Amor prisão me tece

Liberdade, onde estás? Quem te demora?


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