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2006-09-15

Ó tranças de que Amor prisão me tece - Bocage

Ó tranças, de que Amor prisão me tece,
Ó mãos de neve, que regeis meu fado!
Ó Tesouro! ó mistério! ó par sagrado,
Onde o menino alígero adormece!

Ó ledos olhos, cuja luz parece
Ténue raio de sol! Ó gesto amado,
De rosas e açucenas semeado
Por quem morrera esta alma, se pudesse!

Ó lábios, cujo riso a paz me tira,
E por cujos dulcíssimos favores
Talvez o próprio Júpiter suspira!

Ó perfeições! Ó dons encantadores!
De quem sois?... Sois de Vénus? - É mentira;
Sois de Marília, sois de meus amores.

Manuel Maria Ledoux de Barbosa du Bocage (n. 15 Set 1765 ; m. Lisboa, 21 Dez 1805)


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