Os Rouxinóis - António Fogaça
No meu jardim, num cedro em que a frescura
e a flor da novidade vêm brotando,
poisa, por vezes, um ditoso bando
de alegres rouxinóis, entre a verdura...
Quando ali vou, tristísssimo, à procura
de sossego e de luz, de quando em quando,
sinto-os vir e poisar, ouço-os cantando
no doce idílio duma paz obscura.
E, desditoso, eu lembro com saudade,
último brilho do meu peito ardente,
que assim também, num íntimo vigor,
sobre o flóreo jardim da mocidade,
cantaram na minh'a alma alegremente,
como no cedro, ou rouxinóis do amor...
António Maria Gomes Machado Fogaça (n. Barcelos, 11 Abr 1863, m. Coimbra, a 27 Nov. 1888)
in A Circulatura do Quadrado: Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa, 2004, Edições Unicepe
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