Ano - Mário Luzi
Benéficas agora, ainda tranquilas
As cepas, as uvas
A vinha do enforcado. O Outro
É ainda o desconhecido, o Outro estava, está sempre
Fechado neste céu opaco
Onde a luz avinhada
É cada vez mais frouxa
- e o grito do tentilhão já é só gelo.
Aqui, nestes trabalhos calmos,
Claros, aqui prossegue e arde
O todo que não tenho
Mas tenho que perder.
Os tempos que aqui se foram,
O tempo que aí vem
Arremetem -
Sem saber como, cheguei aqui,
Espero, ardo, avanço por
Dias e dias inacessíveis
E torno-me sem fim o que já sou,
A repousar nesta luz vazia.
(tradução de Ernesto Sampaio).
Mário Luzi (b. October 20, 1914, Castello, near Florence, Italy
died February 28, 2005, Florence 1914).
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