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2006-09-13

A recusa das imagens evidentes - Natália Correia

Na efeméride do nascimento da poetisa Natália Correia que faria hoje 83 anos deixamos aqui mais um dos seus poemas:

Há noites que são feitas dos meus braços
E um silêncio comum às violetas.
E há sete luas que são sete traços
De sete noites que nunca foram feitas.

Há noites que levamos à cintura
Como um cinto de grandes borboletas.
E um risco a sangue na nossa carne escura
Duma espada à bainha de um cometa.

Há noites que nos deixam para trás
Enrolados no nosso desencanto
E cisnes brancos que só são iguais
À mais longínqua onda de seu canto.

Há noites que nos levam para onde
O fantasma de nós fica mais perto;
E é sempre a nossa voz que nos responde
E só o nosso nome estava certo.

Há noites que são lírios e são feras
E a nossa exactidão de rosa vil
Reconcilia no frio das esferas
Os astros que se olham de perfil

in Rosa do Mundo, 2001 Poemas para o Futuro, Assírio Alvim

Natália Correia (n. 13 Set 1923, Fajã de Baixo. Ilha de S. Miguel, Açores; m. 16 Mar 1993 em Lisboa)


Ler da mesma autora neste blog:
O espírito
Poema dirigido ao deputado João Morgado


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