Vilancete - Rui de Noronha
Em vossas mãos pequeninas,
Mãos fininhas, de criança,
Quero pôr minha esperança.
Mãos pequenas, de boneca,
Mãos de cera, transparentes,
Mãos de fada, doces, quentes,
Tentadoras andorinhas.
Quem terá a dita um dia
De beijá-las com calor
E o seu coração depor
Em vossas mãos pequeninas?
Tão fracas, são levezinhas,
Parecem duas janelas.
Quem me diz se através delas
Ver o céu se não alcança?
Por todo esse mundo fora
Raras têm, ainda as mais moças,
Mãos tão finas como as vossas
Mãos fininhas de criança.
Mãos minúsculas, brinquedos
de Chaminé de Natal.
Mãos tranquilas, mãos sem mal,
Mãos de amor e confiança.
Abri-me essas mãos celestes,
Essas mãos de anjo inocente,
Nelas doida e cegamente.
Quero pôr minha esperança.
António Ruy de Noronha (n. Moçambique 28 Out 1909; m. Moçambique 25 Dez 1943)
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