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2005-10-31

A Saúde em Portugal e a suposta proibição de aumentar a produção

Por motivos académicos e profissionais cedo tive que saber o que é a Economia. Sem entrar em discussão sobre a definição mais adequada sigo aqui a de Lionel Robbins segundo o qual a economia lidaria com o comportamento humano enquanto condicionado pela escassez dos recursos: a economia trata da relação entre fins e meios (escassos) disponíveis para atingi-los. Deste modo, o foco da ciência económica consistiria em estudar os fluxos e meios da alocação de recursos para atingir determinado fim, qualquer que seja a natureza deste último.

Vem isto a propósito de que o Ministro da Saúde com preocupações sobre o Orçamento terá determinado que os hospitais estão proibidos de aumentar a produção. Foi este um dos temas da crónica de hoje "Na Ordem do Dia - TSF - Dr. Pedro Nunes"

Pois bem o Ministro da Saúde não é economista e porventura desconhece o significado de "Economia".

Mas o objectivo está traçado : proibido aumentar a produção. Em vez de se preocupar em fixar os meios e tomar ou incentivar medidas que procurem deles extrair a melhor produção possível, isto é incentivando a produtividade, começou antes por limitar o "output" : "proibido aumentar a produção".

Mais preocupante ainda do que o "chumbo" em Economia de que o Ministro receberia com tal medida, é a subalternidade do entendimento sobre a Saúde ímplicita nessa decisão. De facto não interessa que possa haver uma pandemia ou haja necessidade de mais consultas, de mais diagnósticos, de mais doentes, incremento de doenças velhas ou aparição de novas. Está proibido aumentar a produção.

Em altura em que ficou conhecido o aumento significativo das filas de espera para intervenções cirúrgicas finalmente está encontrada uma boa desculpa para todos os problemas da saúde. Os médicos já podem despachar os doentes com um incisivo : "Estou proibido de aumentar a produção, vá queixar-se ao Ministro".

Entretanto ou concomitantemente aumentam os impostos. Não é este o país que queremos ...


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