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2005-06-23

DEITANDO UM CAVALO À MARGEM

Vai, mísero cavalo lazarento,
Pastar longas campinas livremente;
Não percas tempo, enquanto to consente
De magros cães faminto ajuntamento.

Esta sela, teu único ornamento,
Para sinal de minha dor veemente,
De torto prego ficará pendente,
Despojo inútil do inconstante vento.

Morre em paz; que, em havendo algum dinheiro,
Hei de mandar, em honra de teu nome,
Abrir em negra terra este letreiro:

— "Aqui, piedoso entulho os ossos come
Do mais fiel, mais rápido sendeiro,
Que fora eterno a não morrer de fome"

Nicolau Tolentino (n. 10 Set 1740 m. 23 Jun 1811)


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