Última Canção - Eugénio de Andrade
Se puderes ainda
ouve-me, rio de cristal, ave
matutina. ouve-me,
luminoso fio tecido pela neve,
esquivo e sempre adiado
aceno do paraíso.
Ouve-me, se puderes ainda,
Devastador desejo,
fulvo animal de alegria.
Se não és alucinação
ou miragem ou quimera, ouve-me
ainda: vem agora
e não na hora da nossa morte
- dá-me a beber a própria sede.
José Fontinhas, que usou o pseudónimo literário de Eugénio de Andrade, nasceu em 19 de janeiro de 1923 na Póvoa de Atalaia, Fundão; m. no Porto a 13 de junho de 2005
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