Aspiração - Maria de Arruda Müller
Bojando a vela sobre o mar sem alma,
Vai, asa branca, ao ritmo do vento.
Circunfletindo, oscila e corta a espalma
Imensidão que espelha o firmamento.
No ar rarefeito treme a leve palma...
Se a tempestade vier, o oceano é cruento...
E ela não sente quando a tarde é calma,
Insídias de borrasca em céu sedento.
Quisera ver minha alma - neste instante -
Como a vela boiar, e se sumindo
No horizonte, indo além, bem mais distante...
E indo a vogar meu pensamento com ela,
Livre da ronda das paixões (que lindo!)
Como a alvura que aclara a branca vela.
"Sons Longínquos" (1998).
Maria de Arruda Müller, (Cuiabá, 9 de dezembro de 1898 — Cuiabá, 4 de dezembro de 2003)
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