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2016-11-25

O Soneto - Alfredo da Cunha

Dos seus versos no pórfiro sagrado,
se o Amor o inspira, o Génio dos poetas
modela imagens firmemente rectas,
como em nicho precioso e rendilhado.

Mas, se é da Morte o lúgubre inspirado
(como, em tampas de túmulos quietas,
frias estátuas de feições correctas),
molda o vulto dum ídolo chorado.

E, qual se fora em mármores esculpida,
à imagem bela da mulher querida
dão forma e graça as quadras do soneto:

nelas assenta como em leves penas,
o corpo, de que os pés apenas
o estofo abrocadado do terceto.



Extraído de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições
Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.

Alfredo Carneiro da Cunha nasceu no Fundão a 21 de dezembro de 1863 e faleceu em Lisboa a 25 de novembro de 1942.


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