IDEAL - Antero de Quental
Aquela que eu adoro não é feita
De lírios nem de rosas purpurinas,
Não tem as formas lânguidas, divinas,
Da antiga Vénus de cintura estreita...
Não é a Circe, cuja mão suspeita
Compõe filtros mortais entre ruínas,
Nem a Amazona, que se agarra às crinas
Dum corcel e combate satisfeita...
A mim mesmo pergunto, e não atino
Com o nome que dê a essa visão,
Que ora amostra ora esconde o meu destino...
É como uma miragem que entrevejo,
Ideal, que nasceu na solidão,
Nuvem, sonho impalpável do Desejo...
Poema extraído de "366 poemas que falam de amor, uma antologia organizada por Vasco da Graça Moura, Quetzal Editores"
Antero Tarquínio de Quental (n. em Ponta Delgada, 18 de abril de 1842 - m. Ponta Delgada, 11 de setembro de 1891)
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