Pedra Tumular - António Manuel Couto Viana
A minha geração fugiu à guerra, 
Por isso a paz que traz não tem sentido: 
É feita de ignorância e de castigo, 
Tão rígida e tão fria como a pedra. 
Desfazem-se-lhe as mãos em gestos frágeis, 
Duma verdade inútil por vazia, 
E a língua imóvel nega o som à vida, 
Por hábito ou por falta de coragem. 
Se há rumores lá de fora, às vezes, lembra: 
Porque é que pulsa o coração do mundo, 
Precipitado, angustioso, ardente? 
Mas depressa submerge na indiferença 
- Que lhe deram um túmulo seguro; 
E o relógio dá-lhe horas certas, sempre. 
in Mancha Solar, 1959
António Manuel Couto Viana (n. Viana do Castelo, 24 de Janeiro de 1923 - m. Lisboa, 8 de Junho de 2010) .
Ler do mesmo autor, neste blog: No Bazar; 23; Estival; Súplica a Eros; A Tartaruga; Despojo
















0 comments:
Enviar um comentário