A Forquilha - Seamus Heaney
Era a forquilha, de todas as alfaias,
A mais parecida com a perfeição imaginada:
Quando apertava a mão erguida e apontava
Ele sentia-a certeira e leve, como um dardo.
Brincasse, então, de atleta ou de guerreiro,
Ou trabalhasse a sério na palha e no suor,
Ele adorava-lhe a textura, a cor do freixo
Da fina haste acetinada pelo uso.
Aço batido, madeira ao torno, lustre, toque
Do que é suave, recto, brando, luzente e esguio,
Suado, afiado, calibrado, posto à prova.
Em dinâmica tensão, presto e exacto.
E se ele pensava numa sonda nos confins,
Via o cabo de uma forquilha navegando.
Serena, imperturbável pelo espaço,
Estrelas nas pontas e em silêncio absoluto...
Mas aprendeu enfim a seguir tão simples pista
além do seu alcance, para um outro lado
Onde a perfeição - ou quase isso - se imagina
Na mão a abrir, que não a apontar.
Trad. Rui Carvalho Homem
in Rosa do mundo 2001 poemas para o futuro
Assírio & Alvim
Seamus Justin Heaney nasceu em 13 de abril de 1939 em Castledawson, Irlanda do Morte e faleceu a 30 de agosto de 2013
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