Soneto V de Poemas do Cárcere - António Alves Martins
A tão longa saudade destes dias,
E destas noites a tão longa dor,
São uma bela penitência, Amor,
Por essas horas que eu tornei sombrias!
As horas que entre nós têm sido frias,
Por minha culpa, deixa-me supor
Que já lhes deu ternura este calor
Que sempre, como agora, merecias!
A minha culpa sinto-a resgatada!
- Bemdita seja a cela condenada
A aprisionar tão longa saudade...
Bemdita seja, sim, pois a ternura
Que sinto agora, vem desta amargura,
E, por ela, comungo a Eternidade!
António Alves Martins (sobrinho do Bispo de Viseu D. António Alves Martins), nasceu em Viseu em 1 de outubro de 1894 tendo falecido na mesma cidade a 22 de fevereiro de 1929.
0 comments:
Enviar um comentário