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2014-11-04

CHUVA DE CAJU - Joaquim Cardozo

Como te chamas, pequena chuva inconstante e breve?
Como te chamas, dize, chuva simples e leve?
Tereza? Maria?
Entra, invade a casa, molha o chão,
Molha a mesa e os livros.
Sei de onde vens, sei por onde andaste.
Vens dos subúrbios distantes, dos sítios aromáticos.
Onde as mangueiras florescem, onde há cajus e mangabas,
Onde os coqueiros se aprumam nos baldes dos viveiros
E em noites de lua cheia passam rondando os maruins:
Lama viva, espírito do ar noturno do mangue.
Invade a casa, molha o chão,
Muito me agrada a tua companhia,
Porque eu te quero muito bem, doce chuva,
Quer te chames Tereza ou Maria.

1936

Joaquim Maria Moreira Cardozo (n. no Recife a 26 de agosto de 1897; m. em Olinda a 4 de novembro de 1978)

Ler do mesmo autor neste blog:
Poema do Amor Sem Exagero
Aquarela
A Várzea Tem Cajazeiras


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