Poema X de Brasões [Fim de tarde serena e violentada] - Bernardino Lopes
Fim de tarde serena e violetada ...
No céu — duas estrelas, e arrepios
Na safira do mar, toda coalhada
De emaranhados mastros de navios.
Longe, entre névoas, traços fugidios
De uma cidade branca derramada
— Casas, torreões e coruchéus esguios,
Por toda a clara fita da enseada.
Aqui bem peno, aqui, na argêntea praia,
Contra um rochedo nu, calcáreo e rudo,
Do poente a frouxa claridade estampa,
Balançando-se n’água, uma catraia;
E, agasalhados no gibão felpudo,
Pescadores que vão subindo a rampa...
in Brasões (1895)
Bernardino da Costa Lopes (n. em Boa Esperança, Rio Bonito, Rio de Janeiro, a 19 de Jan. de 1859; m. em 18 de Set. 1916, no Rio de Janeiro).
Ler do mesmo autor, neste blog:
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Velho Muro
Berço
Cromo
Paraíso Perdido
1 comments:
Mar Arável
disse...
Há pedras
que se não vergam
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