O Artista - António Carneiro
Da saleta na luz esmaecida
O perfil se lhe esbate, eterizado.
Toca... e o seu gesto é, como o som, alado...
E a música é mais funda e mais diluída...
Em tarantela mágica no ambiente
Erram, presos a um único destino,
Os silfos e os acordes do violino...
Fremem anseios, misteriosamente...
Toca... Do seu olhar a ígnea chama
Constrói, alenta e, pródiga, derrama
Magas vidas que bailam em redor.
E escutando-o, nessa hora de beleza,
Meu coração mordido de incerteza,
Reencontra com a paz um novo ardor.
in Solilóquios Sonetos Póstumos
António Teixeira Carneiro Júnior nasceu em Amarante a 16 de setembro de 1872 e faleceu no Porto a 31 de março de 1930.
Ler do mesmo autor neste blog: Caminho da Verdade
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