MEDITAÇÕES SOBRE A MORTE - António MIranda
“Sou onde não estou 
estou onde não sou”. 
LACAN 
 
1. 
Definitivamente, vou ao hospício 
para recobrar a lucidez. 
2. 
Tiro fotos para apreender a realidade 
e flagro a morte. 
A vida, se existe, 
é um deixar de ser. 
Mortes sucessivas 
antes da derradeira morte 
no lugar-comum 
do avesso da vida. 
3. 
Pior: um reconstruir-se para continuar sendo 
- no paradoxo do absurdo! 
4. 
A fotografia como espelho 
no meu álbum de família. 
Eu em diversos momentos 
de minha morte. 
Na memória, um cemitério 
revivescente: 
“o” nada! 
5. 
Eu já morri 
enquanto a literatura 
- tentando eludir a morte - 
degrada a minha existência 
buscando preservá-la 
mas só ela me sobrevive. 
(12 julho 2005) 
Extraído do sitio do autor aqui
Antonio Lisboa Carvalho de Miranda nasceu em 5 de agosto de 1940 em Bacabal, estado do Maranhão, Brasil.
















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