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2014-06-25

Poema da Amada Escurecida - Ruy Barata

Quero enfim repousar,
quero enfim adormecer sobre a grande noite
da amada escurecida.
Apaguem todas as luzes,
apaguem o canto iluminado das mortalhas,

apaguem o próprio silêncio deste exílio
e a lembrança da amada escurecida.

Quero enfim repousar,
quero enfim adormecer sob a noite gelada,
sepultar o meu canto nas paredes eternas
pássaro louco prestes a descer às trevas abismais.

Quero enfim repousar,
eu o jamais sepultável dos poemas,
o que espera as visões da grande madrugada,
o que faz os teus olhos abertos compassivamente
para o grande retorno da amada escurecida.


Ruy Guilherme Paranatinga Barata (Santarém, 25 de junho de 1920 — São Paulo, 23 de abril de 1990)


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