DELÍRIO - João Guimarães Rosa
No parque morno, um perfumista oculto
ordenha heliotrópios...
Deixa aberta a janela...
Minhas mãos sabem de cor o teu corpo,
e a alcova é morna...
Apaguemos a luz...
Não sentes na tua boca
um gosto de papoulas?...
Passa o lenço de seda de tuas mãos
sobre minha fronte,
e não me digas nada:
a febre está, baixinho, ao meu ouvido,
falando de ti...
In Magma, 1936 (publicado em 1997)
João Guimarães Rosa (Cordisburgo, Minas Gerais, 27 de junho de 1908 — Rio de Janeiro, 19 de novembro de 1967).
Da mesma autoria ler Consciência Cósmica
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