MEDENINE - Amadeu Baptista
Deito a cabeça na terra ocre sem fim
e sou um gigante,
troglodita.
Para que lhos compremos, as crianças atiram-nos aos pés
pequenos colares feitos de miolo de pão
– os passos da civilização jamais reconheceram os pequenos troféus.
Entre as embalagens de película fotográfica
e o par de camaleões que a rapariga patenteia
passamos nós, como cordeiros degolados.
Nem para a turista alemã
a fascinação cessa
– contém o palmar a floresta negra.
Trinta dinares pediu Mohammed
à turista inglesa
– e ninguém regateou.
São ainda mais vastos
os grandes perigos do deserto
sem a tua presença.
Em nenhuma medina vi à venda
o azul
dos teus olhos.
e sou um gigante,
troglodita.
Para que lhos compremos, as crianças atiram-nos aos pés
pequenos colares feitos de miolo de pão
– os passos da civilização jamais reconheceram os pequenos troféus.
Entre as embalagens de película fotográfica
e o par de camaleões que a rapariga patenteia
passamos nós, como cordeiros degolados.
Nem para a turista alemã
a fascinação cessa
– contém o palmar a floresta negra.
Trinta dinares pediu Mohammed
à turista inglesa
– e ninguém regateou.
São ainda mais vastos
os grandes perigos do deserto
sem a tua presença.
Em nenhuma medina vi à venda
o azul
dos teus olhos.
in Fragmentos Tunisinos, Volta d’Mar. Nazaré, 2014
Amadeu Baptista nasceu no Porto a 6 de Maio de 1953.
Blog do autor aqui
Do mesmo autor no Nothingandall:
Uma Simples Troca de Mãos Para Que a Melodia Vingue
Arte do Regresso 17
O Centro do mundo: 16
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