Soneto - E. M. de Melo e Castro
há uma linha subtil que tu partiste
no medo desmedido mas contente
uma causa cruel que não se sente
mas é a vida a terra que tu viste
se logo o vento vário não resiste
e a história ferida se desmente
não aqueças a dor da tua mente
nem a luz que nos olhos te subsiste
e se rires do pó o dissolver-te
em tanta coisa a cor que se mudou
na água tédio médio de só ver-te
corta as linhas maiores do que ficou
na sede de partir e de perder-te
no chão como uma fonte que secou
Extraído de «Cem Sonetos Portugueses, selecção, organização e introdução de José Fanha e José Jorge Letria, Terramar
Ernesto Manuel Geraldes de Melo e Castro nasceu na Covilhã em 19 de abril de 1932
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