Se eu de ti me esquecer - Bernardo Guimarães
Se eu de ti me esquecer, nem mais um riso 
Possam meus tristes lábios desprender; 
Para sempre abandone-me a esperança, 
Se eu de ti me esquecer.
Neguem-me auras o ar, neguem-me os bosques 
Sombra amiga, em que possa adormecer, 
Não tenham para mim murmúrio as águas, 
Se eu de ti me esquecer.
Em minhas mãos em áspide se mude 
No mesmo instante a flor, que eu for colher; 
Em fel a fonte, a que chegar meus lábios, 
Se eu de ti me esquecer.
Em meu peregrinar jamais encontre 
Pobre albergue, onde possa me acolher; 
De plaga em plaga, foragido vague, 
Se eu de ti me esquecer.
Qual sombra de precito entre os viventes 
Passe os míseros dias a gemer, 
E em meus martírios me escarneça o mundo, 
Se eu de ti me esquecer.
Se eu de ti me esquecer, nem uma lágrima 
Caia sobre o sepulcro, em que eu jazer; 
Por todos esquecido viva e morra, 
Se eu de ti me esquecer.
(in Cantos da Solidão)
Bernardo Joaquim da Silva Guimarães nasceu no dia 15 de agosto de 1825, em Ouro Preto, Minas Gerais - Morre em Ouro Preto em 10 de março de 1884
O Elixir do Pajé
Prelúdio
















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