As minhas penas - Fernando Caldeira na voz de Maria Teresa de Noronha, na passagem do aniversário de ambos
Como diferem das minhas
As penas das avezinhas
Que de leves leva o ar
Só as minhas pesam tanto
Que às vezes nem já o pranto
Lhes alivia o pesar
Os passarinhos têm penas,
Que em lindas tardes amenas
Os levam por esses montes!
De colina em colina,
Ou pela extensa campina
A descobrir horizontes!
As minhas penas não caem
Nem voam nunca, nem saem
Comigo desta amargura
Mostram apenas na vida
A estrada já conhecida
Trilhada pelos sem ventura
Passam dias, passam meses
Passam anos, muitas vezes
Sem que uma pena se vá
E se uma vem, mais pequena
Ai, depois nem vale a pena
Porque mais penas me dá
Que felizes são as aves
Como são leves, suaves,
As penas que Deus lhes deu
Só as minhas pesam tanto
Ai, se tu soubesses quanto...
Sabe-o Deus e sei-o eu
poema de Fernanod Caldeira
Fernando Afonso Geraldes Caldeira (n. em Águeda a 7 de novembro de 1841; m. em Lisboa a 2 de Abril 1894)
D. Maria Teresa do Carmo de Noronha (n. em Lisboa a 7 de novembro de 1918; m. em Lisboa a 5 de julho de 1993)
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Fases da Vida
Eu sonhei que ia provando...
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