Pubescência - Guimarães Passos
Ei-la! Chega ao jardim, que estava triste,
Porque a sua alegria ausente estava,
E ela, que em vê-lo dantes se alegrava,
Agora a toda a tentação resiste.
Seria outra alma, pensa, que a animava?
Por que um desejo que a persegue insiste?
Qualquer cousa que ignora, mas que existe,
Pulsa-lhe ao coração que não pulsava.
Triste cismando segue, e em frente à fonte:
— Um sátiro, de cuja boca escorre
Um fino fio d'água transparente,
Ri-se dos cornos que lhe vê na fronte,
Os lábios cola aos dele, e porque morre
De sede, bebe alucinadamente...
Sebastião Cícero dos Guimarães Passos (n. em Maceió a 22 de Março de 1867 — m. Paris, 9 de Setembro de 1909).
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