A recusa das imagens evidentes: na passagem do 20º aniversário do passamento da poetisa açoreana Natália Correia
Há noites que são feitas dos meus braços
E um silêncio comum às violetas.
E há sete luas que são sete traços
De sete noites que nunca foram feitas.
Há noites que levamos à cintura
como um cinto de grandes borboletas
E um risco a sangue na nossa carne escura
duma espada à bainha de um cometa
Há noites que nos deixam para trás
Enrolados no nosso desencanto
E cisnes brancos que são só iguais
À mais longínqua onda do teu canto.
Há noites que nos levam para onde
O fantasma de nós fica mais perto;
E é sempre a nossa voz que nos responde
E só o nosso nome estava certo...
NATÁLIA CORREIA (n. na Ilha de S. Miguel, Açores a 13 Set 1923; m. em Lisboa a 16 Mar 1993)
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