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2013-01-12

O Sol - Lobivar Matos


A manhã estava pra lá de bonita
e eu contentíssimo
porque o fígado me deixara dormir
sossegado,
sem gemer.
Abri a janela do quarto
e o sol mais quente e mais barato
do mundo
me assanhou os instintos.

Senti vontade de me estirar na areia da praia,
de correr na areia da praia para que o sol me esticasse os músculos.
Mas meu pensamento perdeu o equilíbrio
e eu me lembrei
que milhares e milhares de irmãos
trancafiados no xadrez
não podiam como eu, áquela hora,
gozar a delícia e a quentura
do sol mais barato do mundo
E o meu fígado começou a doer
e eu comecei a gemer.

Lobivar Barros de Mattos (Corumbá, 12 de Janeiro de 1915 - Rio de Janeiro, 27 de outubro 1947).


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