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2012-12-31

TRISTEZA - Junqueira Freire

Brilha o sol, brilham as nuvens,
Os montes de ouro se coram:
Porém minha alma se aperta,
Meus olhos dormentes choram:

Depois o céu se transforma,
De negros bulcões se touca;
Porém minha alma se expande,
E solta risada louca.

Depois o baile, – onde tudo
Um tope de gostos é;
E eu fico imóvel olhando,
Como um cadáver de pé.

Talvez no ar, que bebemos,
Às vezes um anjo voa,
Como a pancada de um sino
Que pelos ares ressoa.

Talvez nos assiste um anjo,
Que nos inspira a tristeza,
Como um anjo nos assiste
No relance da defesa.

De cólera num lampejo
Talvez a mão do Senhor
Arrojou minha alma ao barro
Só para o gozo da dor.

Porém um anjo propício
Co’ a sua vista louçã
Hoje prepara meu peito
Para as dores de amanhã.

Salve, ó anjo da tristeza,
Salve, ó imagem fatal!
Tu que me dizes que espere,
Que espere somente o mal. 

Luís José Junqueira Freire (n. em Salvador, Bahia em 31 Dez 1832; m. na mesma cidade em 24 de Junho de 1855).

Ler do mesmo autor:
Sei Rir-me
Louco (Hora de Delírio)


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