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2012-10-22

Arrufos - Artur de Azevedo

Não há no mundo quem amantes visse
que se quisessem como nos queremos...
Um dia, uma questiúncula tivemos
por um simples capricho, uma tolice.

«Acabemos com isto!», ela me disse
e eu respondi-lhe assim: «Pois acabemos!»
E fiz o que se faz em tais extremos:
tomei do meu chapéu com fanfarrice

e, tendo um gesto de desdém profundo,
saí cantarolando... (Está bem visto
que a forma, aí, contrafazia o fundo).

Escreveu-me... Voltei. Nem Deus, nem Cristo,
nem minha mãe, volvendo agora ao mundo,
eram capazes de acabar com isto!


Artur Nabantino Belo Gonçalves de Azevedo nasceu em São Luís (MA) a 7 de Julho de 1855 e faleceu no Rio de Janeiro a 22 de Outubro de 1908. Era filho do cônsul português na capital do Maranhão e irmão do romancista Aluísio de Azevedo. Sem formação universitária, dedicou-se ao jornalismo e ao teatro, mas, no Ministério da Agricultura, ascendeu de amanuense a director-geral da Contabilidade. Foi, sobretudo, comediógrafo e contista. Como poeta, é um autor sarcástico.

Soneto e Nota biobliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.


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