Quanto, quanto me queres? - perguntaste - António Botto

Quanto, quanto me queres? - perguntaste
Numa voz de lamento diluída;
E quando nos meus olhos demoraste
A luz dos teus senti a luz da vida.

Nas tuas mãos as minhas apertaste;
Lá fora da luz do Sol já combalida
Era um sorriso aberto num contraste
Com a sombra da posse proibida...

Beijámo-nos, então, a latejar
No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregam sem pensar...

Não perguntes, não sei - não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.

in Poemas de Amor, Antologia de poesia portuguesa, Organização e prefácio de Inês Pedrosa, Publicações Dom Quixote

António Tomaz Botto nasceu a 17 de agosto de 1897, em Casal da Concavada, Abrantes e faleceu no Rio de Janeiro a 17 de março de 1959)

Ler do mesmo autor, neste blog:

• Meus Olhos Que Por Alguém
• Homem, que vens de humanas desventuras
• Nem Sequer Podia
• Cinco Réis de Gente
• Não me peças mais canções
• Envolve-me Amorosamente
• Canção