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2012-06-10

Soneto das Luzes - António Carlos Secchin (na passagem do 60º aniversário do poeta)

Uma palavra, outra mais, e eis um verso,
doze sílabas a dizer coisa nenhuma.
Trabalho, teimo, limo, sofro e não impeço
que este quarteto seja inútil como a espuma.

Agora é hora de ter mais seriedade,
para essa rima não rumar até o inferno.
Convoco a musa, que me ri da imensidade,
mas não se cansa de acenar um não eterno.

Falar de amor, oh pastor, é o que eu queria,
porém os fados já perseguem teu poeta,
deixando apenas a promessa da poesia,

matéria bruta que não coube no terceto.
Se o deus frecheiro me lançasse a sua seta,
eu tinha a chave p'ra trancar este soneto.

in A Circulatura do Quadrado, Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria É a Língua Portuguesa, Unicepe

Antônio Carlos Secchin (nasceu no Rio de Janeiro a 10 de junho de 1952)


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