Os Incompreendidos - Paulo Gonçalves
Ó solitários príncipes de lenda,
Dolorosos irmãos de António Nobre,
Tristes no manto de ouro, que vos cobre,
Sem ter um coração que vos entenda!
Em vossas almas, que ninguém desvenda,
Um sino plange em funerário dobre:
Wilde, humilhado; Cruz e Souza, pobre;
Quental, sem luz; Rudel, sem Melisenda...
Bendito vosso trágico destino!
Através da Beleza, ó torturados,
Vosso infortúnio se tornou divino!
Se tivestes assomos de revolta,
Não fostes mais do que anjos exilados,
Chorando, em desespero, pela volta!
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