Afinador de Poemas - Antonio Barahona
Agora já tem eco o som da chuva,
o assobiar dos Anjos rente ao vidro,
tudo, tudo tão nítido insinua
segredo ciciado ao meu ouvido.
Agora tem poder o som dos versos:
sílabas do Invisível pelas veias
que já desfraldam velas de navios
tão prestes a zarpar d’ignotas praias
antes que caia a tempestade com seus raios.
Escuto agora uma só voz e não me engano,
voz que nunca responde ao que pergunto:
devolve intacta a minha angústia e calafrios
de passarão de trilo dissonante:
ouvem-se quilhas de navios cortar o sangue.
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