SOBREVIVÊNCIA - Álvaro Pacheco
Que qualidades, indago,
pode-se ter
para estar por aqui?
As das roupas bem passadas
das aparências limpas
dos colarinhos engomados
e dos lenços colocados simetricamente
no bolso esquerdo?
Como se faz para ter importância
alguma importância
na vida?
Parece-me
que são raras as consciências
desta percepção do efêmero.
Quem sabe enumerar
os requisitos essenciais
para sobreviver na floresta?
Poucos têm um cantil de água
e guardaram
miolos de pão fresco
para fazer
o caminho destrutível
e sabem decifrar as vozes
das folhas e dos troncos mortos
que os aterrorizaram a infância
nos caminhos de areia
em torno do cemitério.
Álvaro dos Santos Pacheco (Jaicós, Piauí, 26 de novembro de 1933)
 


 






![Validate my Atom 1.0 feed [Valid Atom 1.0]](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixA6pLRJqUA5uCd8sPXDDP7QxjQkPOk7PBO4HCTh36mFnxdQ74-sZ_XMCFDZwG93UFGHxKxztBp8W7XXB4TuF02boT9tQtWcPt8-W26llV-vye5sZhzXq6EsMVAc7Fc_hmbs769Q/s400/valid-atom.png)
 
 
















1 comments:
Lúcia Laborda
disse...
Querido amigo; tenho sentido sua falta por lá. Deus permita que esteja tudo bem.
Um poema que refleta a realidade e perguntas que também me faria, quando muitas coisas estão fora do lugar.
Bom fim de semana! Beijos
Enviar um comentário