Um habitante / Un Habitante - Mario Rivero
Este homem não tem nada que fazer
sabe dizer poucas palavras
leva nos seus olhos colinas
e sestas na relva
Vai em direcção a algum lugar
com um pacote debaixo do braço
em busca de alguém que lhe diga "entre"
depois de ter engolido o pó
e o estridente apito dos comboios
depois de ter visto a lista de empregos nos jornais
Não deseja mais do que descansar um por um os seus poros
Há tanta solidão a bordo de um homem
quando apalpa os seus bolsos ou conta os frangos assados nas vitrinas
ou na rua os cavalinhos que fazem a chuva feliz
E dentro da tibieza as bocas sorriem à meia-noite
algumas se beijam e entesouram desejos
outras mastigam chicletes e brincam com as chaves
Crescem os bosques de ídolos
e o caçador se faz cobrar pela sua melhor peça
poema daqui
Original
Este hombre no tiene nada que hacer
sabe decir pocas palabras
lleva en sus ojos colinas
y siestas en la hierba
Va hacia algún lugar
con un paquete bajo el brazo
en busca de alguien que le diga
"entre usted"
después de haber bebido el polvo
y el pito largo de los trenes
después de haber mirado en los periódicos
la lista de empleos
No desea más que donde descansar
uno-por-uno-sus-poros
Hay tanta soledad a bordo de un hombre
cuando palpa sus bolsillos
o cuenta los pollos asados en los escaparates
o en la calle los caballitos
que fabrica la lluvia feliz
Y dentro en la tibieza
las bocas sonríen a la medianoche
algunas se besan y atesoran deseos
otros mastican chicles y juegan con sus llaves
crecen los bosques de ídolos
y el cazador cobra su mejor pieza
Mario Rivero nascido em Envigado, localidade próxima de Medellín, 1935, m. em 12 de abril de 2009
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