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2011-01-25

O Ponto Negro - Gérard de Nerval

Aquele que tenha olhado para o sol fixamente
Julga perante os olhos ver obstinadamente
Voar em seu redor, no ar, a mancha lívida.

Assim, ainda jovem e de mais valentia,
A glória por instantes olhei com ousadia;
Ficou um ponto negro em minha vista ávida.

Desde então, enleada como um sinal de luto,
Por todo o lado, em todas as coisas que avisto,
Vejo-a também firmar-se, a mancha negra!

Sempre, então? Incessante entre mim e a ventura!
Oh! é que só a águia - mal de nós, desventura! -
Contempla impunemente a luz do Sol e a Glória.


Trad. Filipe Jarro
in Rosa do Mundo, 2001 Poemas para o Futuro, Porto Editora

Gérard de Nerval nasceu em Paris em 2 de Maio e ali morreu em 25 de Janeiro de 1855.


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