ESTEPA - Afonso Duarte
A Cecília Meireles
Desterro dos desterrados,
Meu coração é estepa delicada:
E meu cabelo neva
Sem Pátria, minha amada
Minha amada.
Vou como ovelha tresmalhada
Que viu lobo,
Homem do povo, homem do povo
Que chora em sua Pátria amada.
Sem nada, sem nada.
Sinto-me velho já do meu cansaço;
Sou como o pobre que trabalha a terra
Com o seu braço.
Meu coração é estepa delicada
E a minha alma é louca:
Ah! o heroísmo de cavar a terra
Sem o pão nosso cada dia para a boca!
in Poemas Portugueses Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI, Porto Editora
Afonso Duarte (nasceu em Ereira, concelho de Montemor-o-Velho em 1 de Janeiro de 1884; faleceu em Coimbra a 5 de Março de 1958).
Ler do mesmo autor, neste blog Rosas e Cantigas; Vitral
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