Os rios atônitos - José Eduardo Agualusa (nos 50 anos do escritor angolano)
(Ouvindo "Kongo", por Miriam Makeba)José Eduardo Agualusa (nasceu no Huambo, Angola a 13 de Dezembro de 1960)
Há palavras a dormir sobre o seu largo
assombro
Por exemplo, se dizes Quanza ou dizes Congo
é como se houvesse pronunciado os próprios
rios
Ou seja, as águas
pesadas de lama, os peixes todos e os perigos
inumeráveis
O musgo das margens, o escuro
mistério em movimento.
Dizes Quanza ou dizes Congo e um rio corre
Lento
em tua boca.
Dizes Quanza
e o ar se preenche de perfumes perplexos.
E dizes Congo
e onde o dizes há grandes aves
e súbitos sons redondos e convexos.
E dizes Quanza, ou dizes Congo
e sempre que o dizes acorda em torno
um turbilhão de águas:
a vida, em seu inteiro e infinito assombro.
(Palavra de poeta - Antologia)
Ler do mesmo autor: Tempo das Chuvas
1 comments:
Lúcia Laborda
disse...
Oie meu amigo; não importa o que se diz; muitas palavras são apenas grafias diferentes, mas são reflexões sobre o mesmo tema, conforme ele se apresenta.
Boa semana! Beijos
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