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2010-10-15

Tejo Que Levas As Águas - Manuel da Fonseca

Porque hoje faz 99 anos que nasceu Manuel da Fonseca (e é um dia importante de debate orçamental, com cortes e mais cortes e certas coisas parecem esquecidas...) e amanhã ocorre o 18º. aniversário do falecimento de Adriano Correia de Oliveira, nada mais de propósito do que este "Tejo que levas as águas", com letra do grande autor neo-realista e voz inconfundível de Adriano, preenchendo-se assim, simultaneamente, o espaço da poesia e de música deste dia no Nothingandall

Tejo Que Levas as Águas - 1975 by Adriano Correia de Oliveira on Grooveshark

Tejo que levas as águas Correndo de par em par Lava a cidade de mágoas Leva as mágoas para o mar Lava-a de crimes espantos De roubos, fomes, terrores, Lava a cidade de quantos Do ódio fingem amores Lava bancos e empresas Dos comedores de dinheiro Que dos salários de tristeza Arrecadam lucro inteiro Lava palácios vivendas Casebres bairros da lata Leva negócios e rendas Que a uns farta e a outros mata Leva nas águas as grades De aço e silêncio forjadas Deixa soltar-se a verdade Das bocas amordaçadas Lava avenidas de vícios Vielas de amores venais Lava albergues e hospícios Cadeias e hospitais Afoga empenhos favores Vãs glórias, ocas palmas Leva o poder dos senhores Que compram corpos e almas Das camas de amor comprado Desata abraços de lodo Rostos corpos destroçados Lava-os com sal e iodo Tejo que levas as águas Correndo de par em par Lava a cidade de mágoas Leva as mágoas para o mar

Poema Extraído de Cem Poemas Portugueses sobre Portugal e o Mar, selecção, organização e introdução de José Fanha e José Jorge Letria, Terramar Manuel Lopes da Fonseca (n. em Santiago do Cacém a 15 Out 1911 ; m. em Lisboa a 11 Mar 1993) Música: Adriano Correia de Oliveira Intérprete: Adriano Correia de Oliveira Ler ainda de Manuel da Fonseca, neste blog: Depois Vinha o Luar Estradas Segundo dos Poemas de Infância Ruas da Cidade Os olhos do poeta Romance do terceiro oficial de finanças


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