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2010-10-14

Ergo meus olhos vagos, na distância - Armando Côrtes-Rodrigues

Ergo meus olhos vagos na distância
Da sombra do meu Ser...
Pairam de mim além, e a minha Ânsia
Cansa de me viver.

Meus olhos espectrais de comoção,
Olhos da alma olhando-se a si,
Nimbam de luz a longa escuridão
Da Vida que vivi.

Auréola de Dor que finaliza
Na noite do abismo do meu nada;
Silêncio, prece, comunhão sagrada,
Sombra de luz que em Ti me divinisa,
Tortura do meu fim,
Alma ungida
E perdida
Na grandeza de Si. E já sem ver-me,
Maceração crepuscular de Mim,
Agonizo de Ser-me.

Armando César Côrtes-Rodrigues (Vila Franca do Campo, 28 de Fevereiro de 1891 — Ponta Delgada, 14 de Outubro de 1971).

Ler do mesmo autor, neste blog: Em Louvor da Água


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