Espelho - de Aníbal Beça, falecido há um ano
Para fechar sem chave a minha sina
Clara inversão da jaula das palavras
As vestes da sintaxe que componho
De baixo para cima é que renovo.
Escancarando um solo transmutado
Para o sol da surpresa nas janelas
Ao mesmo pouso de ave renascida
Do fim regresso fera não domada.
Na duração que escorre nessa arena
Lambendo vem a pressa em que me aposto
Nessa voragem, vaga um mar de calma
Que me alimenta os ossos da memória.
Sobrada sobra, cinza dos minutos,
O que sobrou de mim são essas sombras.
Anibal Augusto Ferro de Madureira Beça Neto nasceu em Manaus em 13 de setembro de 1946. m. 25 de agosto de 2009).
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