Deixa-me Beber-te a Formosura - João Lúcio (na passagem do 130º aniversário do poeta)
Noite de márm're branco, esplendente:
Rebentam, em gardénias, os espaços:
Silvam, na palidez do ar dormente,
As serpentes inquietas dos teus braços.
Como os meus beijos bebem, sequiosos,
Nos lagos de oiro e cinzas e metais,
Que são os teus olhos misteriosos,
Como os das águias reais!...
Sob a paixão, em labaredas vivas,
Ardes, na noite lenta, o busto lindo:
As linhas do teu corpo, tão esquivas,
Sinto-a flectindo e consumindo.
Enche-me bem a alma de ventura,
Com os sonhos de amor, que me revelas,
E deixa-me beber-te a formosura,
Como, os lagos, pela noite escura,
Bebem o oiro tremente das estrelas.
in «Os Dias do Amor, um poema para cada dia do ano», recolha, selecção e organização de Inês Ramos, Ministério dos Livros
João Lúcio: a sua poesia e o seu chalé simbolista from Antonio Pina on Vimeo.
João Lúcio Pousão Pereira (n. Olhão, 4 de Julho de 1880 - m. 26 de Outubro de 1918)
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