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2010-07-04

Deixa-me Beber-te a Formosura - João Lúcio (na passagem do 130º aniversário do poeta)

Noite de márm're branco, esplendente:
Rebentam, em gardénias, os espaços:
Silvam, na palidez do ar dormente,
As serpentes inquietas dos teus braços.

Como os meus beijos bebem, sequiosos,
Nos lagos de oiro e cinzas e metais,
Que são os teus olhos misteriosos,
Como os das águias reais!...

Sob a paixão, em labaredas vivas,
Ardes, na noite lenta, o busto lindo:
As linhas do teu corpo, tão esquivas,
Sinto-a flectindo e consumindo.

Enche-me bem a alma de ventura,
Com os sonhos de amor, que me revelas,
E deixa-me beber-te a formosura,
Como, os lagos, pela noite escura,
Bebem o oiro tremente das estrelas.


in «Os Dias do Amor, um poema para cada dia do ano», recolha, selecção e organização de Inês Ramos, Ministério dos Livros

João Lúcio: a sua poesia e o seu chalé simbolista from Antonio Pina on Vimeo.


João Lúcio Pousão Pereira (n. Olhão, 4 de Julho de 1880 - m. 26 de Outubro de 1918)

Ler do mesmo autor, neste blog:
Sensações Desconhecidas
Tarde de Leite e Rosas Ouvindo Floresta


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