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2010-06-07

Ignorabimus - Tobias Barreto

Quanta ilusão!... O céu mostra-se esquivo
E surdo ao brado do universo inteiro...
De dúvidas cruéis prisioneiro,
Tomba por terra o pensamento altivo.

Dizem que o Cristo, o filho do Deus vivo,
A quem chamam também Deus verdadeiro,
Veio o mundo remir do cativeiro,
E eu vejo o mundo ainda tão cativo!

Se os reis são sempre os reis, se o povo ignavo
Não deixou de provar o duro freio
Da tirania, e da miséria o travo,

Se é sempre o mesmo engodo e falso enleio,
Se o homem chora e continua escravo,
De que foi que Jesus salvar-nos veio?...


Tobias Barreto de Meneses (n. Vila de Campos do Rio Real, 7 de junho de 1839 — m. em Sergipe, 26 de junho de 1889)

Notas do webmaster: (i) Ignorabimus: Faz parte da expressão latina Ignoramus et ignorabimus que significa ignoramos e ignoraremos, que exprime o pessimismo acerca dos limites do conhecimento científico, por altura do século XIX. O fisiologista alemão Emil du Bois-Reymond exprimiu esta frase na sua obra Über die Grenzen des Naturerkennens de 1872 (wikipedia).

(ii) Ignavo : adj. Indolente, preguiçoso. Covarde.

Ler do mesmo autor, neste blog: Namoro não é crime


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