Ze Catota, Rei do Improviso, faleceu há um ano
Zé Catota apresentava-se assim:
Eu nasci de um casal pobre
Rico de educação.
Minha mãe é Eufrasina
Maria da Conceição;
Meu pai, José Lopes Filho,
De Zuza do Riachão.
Eu estou como aroeira
Que nos campos se criou;
A tempestade do vento
Todas as galhas levou,
Só resta o tronco cinzento
Que o sol dos olhos queimou.
Zé Catota, que tinha as respostas na ponta da língua, foi cantando com Pedro Amorim, quando este improvisou a sextilha:
Vivo muito bem na vida
E tu vives atrasado.
Possuo fazenda, açude
E cana do outro lado.
Tu só tens um Jeep velho,
Além de velho, quebrado.
Zé Catota:
Chamar fazenda sem gado,
Eu acho melhor que deixe;
A sua cana cortada
Talvez não dê nem um feixe.
Esse açude de que fala,
Tem mais dono do que peixe.
(daqui)
Até nas flores se vê
A diferença da sorte
Umas enfeitam a vida
Outras enfeitam a morte.
Sobre a morte, disse:
Eu nasci no Riachão, vizinho a Grossos.
Quando eu morrer cada amigo
Me leva pra sepultura
Para a proteção dos ossos
Cubram o meu caixão com terra
De Riachão e de Grossos.
(daqui)
José Lopes Neto (Zé Catota) nasceu no Riachão, município de São José do Egito (PE), em 05 de agosto de 1917; m. no município de São José do Egito (PE) a 22 Abr. 2009)
Ler ainda A POÉTICA DO IMPROVISO: prática e habilidade no repente nordestino (pdf file)
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