Infante - I - Luís de Montalvor
Baby! Sossega a tua voz. Não digas mais
essas canções do Mundo. Deixa... que eu esqueço
que fui menino ao colo de seus pais.
Deixa! que o coração em si mesmo o adormeço...
Com olhos de criança olho os desiguais
dias e nuvens, sós, passando, e empalideço...
Canto de Prometeu todo desfeito em ais!
E a vida, a vida até, brinquedo que aborreço...
Mundo dos meus enganos - como a desventura -
Experiência? - pobre fumo! anela o meu cabelo
e põe-me o bibe azul e antigo da Ternura...
Que a vida, essa Babel desfeita que se embala,
ainda é para mim - criança de Deus - pesadelo
da infância das fanfarras, fogo de Bengala!
Luís da Silva Ramos, que usou o pseudónimo de Luís de Montalvor, nasceu em S. Vicente, Cabo Verde, a 31 de Janeiro de 1891 e faleceu em Lisboa a 2 de Março de 1947).
Ler do mesmo autor, neste blog: Tarde
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